24/06/2024

O primeiro HD

Em época de "big data", em que convivemos com tantos dados, tão naturalmente, armazená-los parece que é algo automático, que simplesmente acontece magicamente, mas a história do armazenamento de dados sempre foi cheia de grandes desafios técnicos.

Já estamos perdendo o contato com os HDs (hard disks), onde, pelas últimas décadas, armazenamos tudo de digital que tínhamos.

Muitos, hoje em dia, já trabalham com computadores que só utilizam SSD (que armazena dados em chips de memória, não em discos).

E muitos mais ainda, só utilizam celulares e, talvez, tablets, onde dados são armazenados desde "sempre" apenas em chips de memória, ou, como é cada vez mais comum, na nuvem.

Porém, hoje vou relembrar o início da era da armazenagem de dados em discos. Talvez possa dizer, o primeiro "HD".

Na época, o "HD" era uma grande revolução. Uma avanço incrível na velocidade de acesso à informação. Afinal, antes só se armazenavam dados em fitas, magnética ou perfurada, ou tecnologias mais limitadas ainda.

O IBM 350 foi o revolucionário primeiro equipamento de armazenagem de dados em discos, "HD".

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Era um equipamento com 1,7 metros de altura, 1,5 metros de largura e 74 centímetros de profundidade. O tamanho aproximado de um armário de quarto de 3 portas, só que muito mais pesado. Pesava aproximadamente 800 quilos.



Os dados eram armazenados em 51 discos metálicos, de 61cm de diâmetro, utilizando 100 superfícies destes para leitura e gravação. Não utilizavam as superfícies extremas, do topo e da base. Só as internas, entre dois discos.

Cada superfície dos discos tinha 100 trilhas, que são como faixas circulares concêntricas, onde os dados são magneticamente escritos nos discos. Cada trilha armazenava 500 caracteres de 6 bits. Total: 5 milhões de caracteres de 6 bits. Em termos atuais: 3,75 Megabytes.

O equipamento tinha um "braço" com dois cabeçotes de leitura e gravação, um para cada disco. Ele se movia, para acessar os espaços entre discos e para posicionar os cabeçotes nas trilhas.

Para você utilizar um equipamento desses, você tinha que pagar, em valores atualizados pela inflação, o equivalente a 200 mil reais por mês para a IBM.

Para comparar o armazenamento dele, 3,75 Megabytes, com algo que as pessoas conhecem mais atualmente, procurei por "celular barato" em sites de busca da internet.

Vi que a maioria dos celulares básicos de hoje em dia têm 128 Gigabytes de memória, para armazenar dados, aplicativos, fotos, o sistema do celular etc.

Assim sendo, um "celular básico de hoje em dia" armazena 34 mil vezes mais do que aquele armário, chamado IBM 350, em 1956.

Outra comparação: Em geral, uma única foto, desses mesmos celulares, ocupa mais espaço que o IBM 350 conseguia armazenar.

Facilmente um jovem de hoje em dia pode questionar: "Para que serve um 'armário' que não armazena nem uma foto?"

Estamos muito mal acostumados atualmente. Somos perdulários gastadores de espaço de armazenamento. Mas a culpa não é realmente nossa. Os equipamentos de hoje em dia é que nos levam a ser assim.

A verdade é que os IBM 350 foram muito úteis naquele tempo. Ajudaram muito, grandes empresas, cientistas e governos, a se desenvolverem e ajudarem a trazer parte importante de toda a tecnologia que usufruímos hoje.

Então, em tempos de "big data", principalmente se você pretende trabalhar com isso, não esqueça que armazenamento de dados não acontece por mágica. Principalmente porque, em tempos de "big data" não armazenamos apenas 3,75 megabytes. Facilmente temos que encarar o desafio de armazenar um milhão de vezes mais que isso. Ou, até, um bilhão de vezes mais.

Assim, como foi um grande desafio para os técnicos da época criar um espaço de armazenamento de 3,75 Megabytes, hoje é um grande desafio armazenar Terabytes (que são mil Gigabytes), ou Petabytes (que são mil Terabytes), ou Exabytes (que são mil Petabytes)... E por aí vai.

Mas, nada melhor que um desafio, não é?
Então, bora encarar e expandir os limites do armazenamento!

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Fontes:


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